INTRODUÇÃO
Ser convidado para proferir
este discurso nesta comemoração da emancipação política da nossa cidade antes
de um privilégio constitui-se, sobretudo, numa honraria impagável visto que
enaltecer Lajedo é acima de tudo uma obrigação que fazemos com muito prazer.
Nada é mais contundente na história de um povo do
que a sua memória. Salvar, preservar e
entrega-la a população como material de consulta é uma tarefa que vai além do
circunstancial. Ela expõe nossa capacidade ou incapacidade, de fazer da memória
um instrumento de permanente enriquecimento cultural, modelo de conduta e, até,
inspiração para o que não deve ser feito: como, por exemplo, tratar a história
da comunidade como um assunto secundário.
“A
memória é o que resiste ao tempo e a seus poderes de destruição. É algo assim
como a forma que a eternidade pode assumir neste trânsito incessante” (Ernesto
Sábato, jornalista argentino).
LAJEDO – O COMEÇO
Conforme
depoimento do Sr. Jacinto Coelho, um dos nossos antigos, para as notas do historiador
José Paulo Barbosa, em seu livro, “Álbum Histórico de Lajedo”, toda área em que
está edificada a cidade pertenceu a propriedade denominada Cágado, adquirida
por compra pelos desbravadores Vicente Ferreira da Silva e seu filho José
Ferreira da Silva – o Barão Cazuza, que aqui se estabeleceram vindos de
Altinho, indo fixar residência nos Olhinhos D’água, onde construíram as
primeiras moradias, bem como uma casa de farinha. Propensos a criação de
caprinos, ali não se deram muito bem pois a região era infestada por cobras
jibóias e gatos maracajás. Resolveram então descer mais dois quilômetros para a
frente, instalando-se na localidade a que chamaram de “lajeiros”, em virtude
das grandes áreas forradas de lajes (pedras), naturais, mais “abertas” e mais
seguras às suas atividades de criadores. Estas formações rochosas tinham o
formato arredondado o que facilitava o acúmulo das águas da chuva daí serem
chamadas de “Caldeirões”. Com o tempo a denominação inicial de lajeiros foi se
modificando até se transformar no nome que deu origem ao surgimento da cidade
de Lajedo.
LAJEDO –
INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE.
Lembro-me com
saudade da escola do Campo, lá onde hoje se denomina Alto dos Coqueiros, foi ali que com os ensinamentos de minha mãe,
que era professora, e com o grande incentivo de uma boa palmatória iniciei os
meus estudos e fui muito bem alfabetizado, obrigado minha mãe.
Após
este período passei a condição de aluno de um dos grandes educandários da época
o Grupo Escolar Deolinda Amaral ou para nós o grupo de Dona Zélia que
junto com o Grupo Escolar Dom Expedito Lopes, de Dona Irene e o Grupo
Escolar Pe. Emílio Lins, de Dona Socorro Ferreira, se constituíam no
tripé de formação da base escolar de
toda uma geração. Que pena que a tal modernização tirou de nós o costume de
chamar de Grupo de Dona Eunice
Ana o Deolinda Amaral.
Desta
época são inúmeras as figuras que povoam meus pensamentos. Ainda na calçada o
infalível carrinho de confeitos de seu Pedro Guarda, pai de Geraldo
“do sinuca” hoje esposo de Maria Eunice. Na portaria o incansável
seu Zé que nunca precisou de caminhadas para manter baixo seu
colesterol porque a meninada lhe
mantinha deverasmente ocupado para que suas taxas tivessem tempo de subir. No
galpão, ela, impecavelmente penteada, sapato baixo, para correr atrás de nós,
baton nos lábios para facilitar o psiu e sua inseparável companheira – a
bendita régua de madeira; D. Zélia, a diretora. Após cantarmos os hinos,
no mês de Maio era o terço, o paraíso. Sim porque a nos esperar na sala de aula
lá estava ela, cabelos presos por uma marrafa, blusa ensacada numa saia que ia
até os joelhos, sapatinhos confortáveis para não se cansar de atender aos
nossos chamados e sua voz, a voz que embalou os nossos sonhos infantis a nos
contar a história de Amanda para que nunca esquecêssemos a importância da letra
A. D. Norma, a musa de nossa infância e o amor platônico de uma geração.
Como eu te devo minha querida e inesquecível primeira professora. Também
seremos eternamente gratos àquelas que nos cativaram: D. Maria Rosa, do Sr.
Mário do Fomento, D. Maria Digna, do Sr. Manezin do
Camiseiro, D. Socorro Santos, do Sr Zé de Lima, D. Deta,
que era do Sr. Adenor, D. Zefinha, do Sr. Valdemar, D.
Maria José Laurindo, filha de Joaquim Laurindo e a todos os
funcionários que mantinham nossa escola sempre limpa e funcionando independente
da nossa colaboração.
No
recreio, sim se chamava recreio, numa espécie de tanque em forma de meia lua
existente na frente da escola, sob o sol ou sob a chuva, já gordinha, mais com
uma mão santa para os bolinhos e picolés de chocolates feitos em pequenas
caçambas domésticas de gelo estava sempre a nos esperar D. Marina, mãe
de Marcos, Tão e Louro, já ausentes, Zezinho, o Laurção, Loura,
grande adversária nos jogos de queimado, Paixão, que mais tarde viria a
se tornar diretora desta escola e Félix, brilhante advogado de nossa
cidade. Não podemos esquecer de D. Tereza, mãe de Antônio Cassimiro,
Gorete e Naná que diariamente nos preparava e servia, em enormes copos de
alumínio, um delicioso leite achocolatado. Aos sábados missa na Matriz aonde
íamos enfileirados como cordeiros prontos para pedir perdão a Deus pela nossas
faltas da semana para na segunda-feira começarmos tudo de novo crentes que
éramos do perdão aos sábados.
Mês
de Junho, como custava chegar este mês. Razão para isto não faltava era o mês
das festas juninas e que festas, um mês inteiro de festas que culminava com um
grande desfile pelas ruas antes do casamento matuto, a grandiosa quadrilha em
frente a escola e o baile, que contava quase que com a presença de todos os
pais, inclusive meu pai que era um pouco avesso a festas e badalações. Minhas
damas, lembro-me de todas: Josélia, Nazaré e Sandra.
Estamos em
setembro, há mais ou menos um mês desde o início dos ensaios da banda não se
fala em outra coisa. Quem vai ganhar o desfile o Deolinda ou o Xexéu (assim
chamávamos o Dom Expedito). Instrutores eram contratados, as professoras se
despedaçavam confeccionando os ornamentos, o tema do desfile era segredo de
estado, até que no grande dia o esplendoroso desfile onde cada um dava o melhor
de si, para no final todos serem
considerados vitoriosos.
A
localização do Deolinda era estratégica, na frente a casa da Diretora, ao lado
direito a Celpe com toda movimentação que nós precisávamos, no lado esquerdo a
Maternidade, onde as parteiras, D. Iracema, Alice e Natalicia, D. Raquel,
mãe de Uziel França, D. Maria de Duca, Madrinha Luizinha, quem
não é afilhado dela, Irene Nacor, irmã de Alaíde, e, D. Duda,
mãe de Fátima esposa de Barbudo, sob o comando de Dr. Dourado
auxiliaram a vir ao mundo várias gerações de lajedenses e, nos fundos, além do
glorioso Pé de Tambor, que era o limite territorial da escola existia uma cerca
que era uma porta aberta para nossas
aventuras no terreno da fazenda São
Josë, de seu Abraão, passaporte gratuito para todas as grandes
vaquejadas que ele promovia e aonde
assistíamos a grandes pelejas entre a grande dupla de vaqueiros Cordeirinho
e Ernando, nem sempre vitoriosas graças a sagacidade de um famoso boi
conhecido, que por possuir um sinal na testa que lembrava uma estrela, foi
denominado de estrelinha. Minha turma Josélia, Mirian, Nazaré, Maria José,
Rosângela, Marilene, Manuilson, Ailton Cosme, Joseane Fausto, Wellington
e quantos mais ... Quando as férias chegavam, que aperto no coração.
Grupo
Escolar Deolinda Amaral, eu te saúdo e te reverencio e faço votos para que os
teus alunos do presente se referenciem no teu passado para no futuro se
orgulharem de ti como de ti se orgulha este teu ex-aluno.
Terminado
o primário a grande dúvida. Onde estudar o ginásio? No Industrial do Sr.
Armando ou no D. Expedito de Dr. José Alberto? Mais, tarde escolhido por
mim para padrinho. Eis uma escolha difícil já que ambos faziam da árdua tarefa
de educar uma razão de vida.
Entretanto,
antes do ginásio “tinha uma pedra no caminho”(Carlos Drumond), o
seu nome, admissão, suas professoras Emília Vilaça, filha de Hermínia
Vilaça, que nesta época já era braba e Valderice de Tungueira,
esposa de Paulo Soares, um doce em pessoa, metade do ano com uma e
metade com a outra. Era o preparo para nos habituarmos com a idéia de vários professores que iríamos ter
no ginásio.
Recordo-me
com orgulho, saudade e gratidão de D. Gilvanise, esposa de Valdir;
Lourdinha Barros, filha de João de Barros; Yolanda, irmã de Yara,
secretária da escola, e esposa do professor Walter Chaves, seu Luis
do Industrial, esposo de D. Dodô do cartório; Cabo Tota, Inês
Aleixo, esposa de João Preguinho, Emíla Vilaça, esta filha de
Chico Vilaça, Fátima Ferreira, irmã da também professora Socorro
Ferreira e do professor Paulo, Zilda Dornelas, irmã da srta. Dorinha
Dornelas, que deve ter um lugar no céu só pela tarefa de tentar nos ensinar
religião, professor Nicodemus, que nos ensinava o francês; Trindade,
que chegou a ser diretora; Lourenço, seu irmão, que era uma fera; Aparecida,
irmã dos dois e que era a bela; Irene que era amiga dos três e
também Margarida Vilaça; a todos estes lajedenses natos e de coração
nossas homenagens.
Durante
os cinco anos em que vivemos e convivemos no Industrial além do aprendizado
tenho absoluta convicção que certamente ali eu como toda uma geração vivemos os
dias mais felizes de nossas vidas.
Aqui também se esperava com ansiedade os
festejos juninos porque nós já adolescentes não víamos a hora do início dos
ensaios para a quadrilha de São João pois era oportunidade ímpar para tocarmos
nas meninas durante quase um mês, já que naquela época ainda não tínhamos
aprendido a conjugar o verbo “ficar” tão em moda hoje em dia. Minhas damas do
ginásio: Fátima Rosa e Giselda Vilaça.
O
Sete de Setembro era inesquecível, a disputa aqui era travada entre o
Industrial e o Dom Expedito as bandas eram um capítulo a parte. As disputas
também se davam no campo esportivo palco de revelação de inúmeros atletas que
brilharam nos campos e nas quadras por um longo tempo.
Também
aqui na entrada existia um carrinho de doce; seu proprietário, o Sr. Branco que
diariamente precisava da ajuda de sua esposa tamanha era a pressa com a qual
queríamos ser atendidos.
Na
entrada, seu Sebastião Sobral, pai de Hélio meu colega de turma,
vereador por diversas vezes em nossa cidade, que tinha a espinhosa missão de
nos vigiar e carimbar diariamente nossas
cadernetas de freqüência. Quanto lhe devo seu Sebastião por
voluntariamente ter “esquecido” tantas vezes o carimbo de advertência que seu
Armando tanto gostava de ver na minha caderneta. Minha turma: Adelmo,
Juvenil, Socorro Bonfim, Giselda, Cleide de Costinha, Lameck, Zezinho, Adilson
de Nita, Dos Anjos e Cidinha de Neco Barro, Socorro Clementino, Marta,
Marleide esposa de Gil do Correio, Juranildo, Moacir Bochechinha, Eury de Sgto
Eury, Evanderly, Ronaldo, Nailson.
Chegou a
juventude e com ela a necessidade de buscar novos horizontes na incessante luta
por mais conhecimentos isto nos levou a morar fora de Lajedo mais não de
conviver com Lajedo pois até mesmo lá a nossa turma era a turma de Lajedo,
nosso assunto predileto falar de Lajedo e nosso programa favorito era viajar
par Lajedo pouco importando como e quando.
LAJEDO
– LUGAR DE TUDO E DE TODOS
Que lugar no mundo poderá
existir para em tão pouco tempo, afinal são apenas 56 anos de emancipação e 154
de fundação, ter na sua história um patrimônio tão rico uma história tão única
e um povo tão genial quanto o nosso.
LAJEDO da
minha infância – como esquecer as noites da 19 de Maio onde todas as
noites a brincadeira rolava solta com Peba e Zé Maria, de seu Júlio
do Vinagre; Zé Mário e Zerilson, nosso popular Chiclete de
seu Lelé ; Zé Cordeiro e Luciano, Tonho Cabeção
e Doutor dos Oião, Tonho de dona Otília, hoje presidente da
Câmara, Edson e Nanico de Zé Bento, Juranildo e Gilson de seu João
Saturno, Geraldo de seu Antônio Barbeiro, Dida de seu
Antônio de Abraão, Adelmo de seu Adenor e tantos outros ...
LAJEDO dos
esportes – quem não se emocionou não viu jogar, Ladilson e Ladelson,
Capiba, Pulguinha e Décio, o melhor ataque de futebol de salão que já vi
jogar, Paulo e Mário Cosme, Ronaldo de seu Peu e Nailson de Zequinha Barbeiro. Zezinho, Zé
Ita, Alemão, Luis Teteu e Tonhão do bandepe, Burú e Waldo de Ageu, Biu
Chulé, Walter Fiapo, Zé Viana e Adriano este foi o time dos sonhos
do CEL. Outra fase de ouro nasceu com o surgimento de dois grandes times o
Veneza e o Caxias, patrocinados respectivamente pelas padarias Veneza do Sr.
José Viana e Caxias do Sr. José Fausto. Donde surgiu a idéia de uma
escolinha que tantos talentos revelou como Walberes, e os irmãos Carlinhos
e Arlindinho filhos do Sr. Arlindo Ferreira, Nego Ciço, Dudu,
João Bosco e Jeová e tantos outros. Fosse hoje e só os veríamos jogar pela
televisão na Europa dos endinheirados.
LAJEDO
social – grandes festas sempre foram marca registrada da nossa terra. O
carnaval com os últimos três “Zé Pereiras” que recordo, Gilson Peixoto,
Mário e Edésio Nonato. A abertura do baile, após a chegada do prefeito Zé
Rosa, feita por Tonho de Pedão, vestido a caráter e a partir daí o
salão era invadido por uma multidão que precisava dar passagem para Marcelo
do correio, sempre com uma toalha de rosto no pescoço, e sua Alzira se
esbaldarem de tanto frevar, durante o dia o corso e o mela-mela que terminava
invariavelmente na casa de Dr. Dourado onde D. Maria da Penha,
sua esposa estava a nos esperar com uma farta feijoada. O “Baile das Rosas”, “A
Noite do Charme” festa que revelou na passarela o talento de Cleide Cordeiro,
Adilma do Sr. Ismael Rocha, Márcia de Maria Rosa,
dos irmãos Marcos, Moacir e Mário Vital, Cristina de Zé
Nicolau e Zé Antônio que na época já tinha jeito pra coisa. Os
bailes de São João com grandes atrações. Os assustados da casa paroquial,
introduzidos aqui por Pe. Davi, um paraense que tornou-se lajedense,
cujo comando ficava com os rapazes Jaildo Cabeção e Josa de Chico Sebo, Doca
e Flamarion, Hamilton e Zé Siqueira filhos do Sr. Antônio Jurema
e Antônio José Dourado, que nunca permitiram aos mais jovens o
direito de entrar nas festas, e as moças, Judite e Nenên Izídio, Marleide
Vital, Maria de Bernadino, Lourdinha
Santos, Mariinha Fulorô, Giselda e Fátima de Duda, Claudeci
de Luis Sátiro, Sônia de Dedé do Charque entre outras. O
“Show de Calouros” no Comercial comandado pelo Sr. Azarias. E
finalmente o natal com o parque de diversão do Sr. Sebastião pai de Gena,
locutor de vaquejada, o jogo de jaburu de Tonho Cotó as barracas de
jenjibirra, as fotos pra posteridade em seu Deda do Foto onde o amigo Nelson
Amorim na época era aprendiz e, o ponto culminante o show na rua com a
caravana de Ivan Bulhões. Quando não havia festas sempre tinha o cinema
de Sr. Manoel Vilaça com seus repetitivos e quebradiços filmes de
Kung-fu, Tarzan, Django e Sartana, que pouco ou nada interessava aos enamorados
que os assistiam no primeiro andar. Anualmente filas enormes e sessão dupla
para ver pela enésima vez, “A Paixão de Cristo”, “Coração de Luto” e o
maior sucesso de bilheteria que me recordo “Ela Tornou-se Freira”, com
Teixeirinha e Mary Terezinha.
LAJEDO dos
grandes desfiles – disputas intensas marcavam o desfile do sete de
setembro, para nós pouco importava a independência o importante mesmo era a
rivalidade entre as bandas do Deolinda e
do Xexéu e entre a banda do Industrial, com Tonho Gordo, Mocó, Assis,
Zé Siqueira, Walter Fiapo e Arnaldo Gatinha, irmão de Arnóbio,
contra a banda do Dom Expedito com Marleide Vital, Judite Izídio, Fernando
Vilaça, Moacir e Mário Vital, Zé Viana, Tonho Cassimiro, Burú, Fátima de Duda e
Luis Belo.
LAJEDO dos
artistas – no teatro, na pintura, na música poucos são os lugares que
possuem um elenco tão diversificado e tão genial quanto o nosso, Antônio Oliveira, Antônio
Alfaiate, Doca, Almir Melo e Souzinha atores de padrão global; Zizi
Ribeiro, Everaldo, Edson Oliveira e Antônio Mário de Tungueira,
pintores de sucesso; Nego Sanfoneiro, Vadinha, Zé da Água e Manoel
Izídio, sanfoneiros para todos os gostos; Geraldo Vilaça, Luciano Bola
Mucha, Fernando Fraqueza, Luciano Bodinho, Toinho Chagas, Armandão, Miltão
e Nelson da gráfica, violonistas de primeira grandeza; Luis Vilaça, Berto
Onofre, Tuchinha e Tocha, músicos com padrão profissional, além de
vocalistas que fazem o sucesso das mais diversas bandas país afora, sem contar
os seresteiros Luis Ferreira o secretário de obras, Antônio João
o ex prefeito e Abelardo o vereador, dignos de cantar nas melhores casas
de shows deste país.
LAJEDO dos
bares, das bodegas... – será que alguém já se deu ao trabalho de contar
os bares de Lajedo? Eis aí uma missão difícil. Mas até os bares em Lajedo tem
história senão vejamos: Os bares de Coraci Quirino na José Pereira de
Carvalho, de Nicinha, irmã de Socorro Santos, na Duque de Caxias,
O Gabiru na praça Simpliciano Cardoso, o de Nenen do Bar, o de Jaime. Antes dos mercados existiram as bodegas: de Renato
e José Joaquim no socorro, de Zé Ita e Pedro Xisto na praça
da prefeitura, de seu Bébé Alexandre na Barão Cazuza, de seu Dedé do
Charque, de Liro, de Abílio Ribeiro, de Severino Martins
na 19 de maio, de seu Leonildes e Nelson Ferreira, irmão de
Geninho da Celpe, na Duque de Caxias; os armazéns de Jerônimo e de Zé
Cabeleira, pai do advogado Edmilson Francisco, de Lídio e
Arlindo Cosme, de Zezinho do Olho D’água, pai de Herinaldo as
churrascarias de seu Waldomiro no Planalto e de seu João Jordão
no Posto Texaco; as padarias de Zezé Fausto, Severino Lacerda, José Viana e
João Amorim pai de Jeremias esposo da vereadora Lêda. O bar
“Cintura Fina” onde Tonho Gordo, Zé Maria de D. Henriqueta,
avó de Stênio e Zé Viana comandavam animadas mesas do jogo das
palavras e nos ensinavam o que não se ensinava nas escolas.
LAJEDO da
feira – ser moleque e ter a disposição uma feira era um sonho possível.
As grandes barracas de Dedé do Charque e de seu Olon, seu irmão,
de Luiz do Charque, pai de Lourdinha as pequenas mais generosas
de Zequinha Salgueiro, Francisco Ferreira e Joaquim Couto; o
banco de doce de Velho Doceiro, o banco de ouro de Zé do Ouro;
os artigos de couro e corda de seu Manoel das Cordas, pai de Ornélio;
o carrinho de doces de Nelson, o único com som ambiente, que depois
seria de Zequinha da barraca de cachorro quente. As barracas de tecido
de Cícero Venâncio e D. Nicinha, mãe de Guilhermando. A
gelada de Zequinha da Geladeira concorrente da de Olimpio da Gelada;
a tapioca de Zefa da Tapioca; além do milho assado, cozido ou as pamonha na esquina do Bráz de Bacatela,
nem, Caruaru tinha igual ...
LAJEDO das
turmas e das badalações – quando aqui chegaram trouxeram com eles a
moda das discotecas, Mauro e Edmilson Nogueira, o primeiro
cabeludo de Lajedo, o segundo foi Felipe de Figueredo que além de
cabeludo importou para Lajedo um inesquecível macacão quadriculado que foi
motivo de festa para os gozadores de plantão. Adilson de Nita e Passarinho,
Vitulino, Expedito, Eraldo, Edson e Eudson
de Zé Bento, Adenorzinho e Adelmo, Faia, Coia e Rita de Zezé do
Cartório, Josélia, Ana Paula e Arlindinho, Ângela, Ruth e Rita, Luciano,
Chico, Roberto e Luciana de Davino, Socorro de Felipe, Walberes e Calo Seco, Paulinho e Pedrinho, Antonio Filho e
Múcio, Dílson, Gorete e Jucier, Geraldo e Edna Vilaça, eis aí
a “Turma da Fumaça” que tanto barulho causou, e ainda existiam as turmas do
Xodó, da Bagaceira e do Jamé
LAJEDO de
todas as recordações – dos banhos de açude em seu Tênis, no
Jenipapo, na sub-estação da Chesf e no açude do Ibra para onde íamos na Kombi
de Mário Gildo ou no esplanada de Ailton Cosme, o popular Deré e
sempre levávamos Biu juiz pois era o único que sabia nadar; do bicho do
salobro; do alto falante de Osvaldo, das granjas de seu Mano Leite
onde Veva arrumava os ovos para o lanche da tarde; dos namoros
proibidos; dos fuxicos; dos velórios festivos; dos acidentes trágicos; da cheia
que arrastou a barraca de seu Benone; dos circos Barcelona e Zé Bezerra;
das moças que fugiram; das que se perderam e das que se acharam; eis Lajedo um
pouco da tua história.
LAJEDO vocação para o comércio – lembro-me do comércio assim: em baixo: Cinema, Bar de Coraci, Sorveteria de Albino, Farmácia de Juraci Cassiano, Sinuca de Bezinho e Pensão de D. Luiza; no lado D: Miudeza de Luiz Sátiro, Casa Pérola de Chico Batista, Movelaria Santo Antônio de Manoel Hermínio, Farmácia do Sr. Ismael Rocha, Padaria Santo Antônio do Sr. Severino Lacerda, Loja do Sr. José Bento, Casa de peças de João Maria, o Palácio das Jóias de Cici, Grã Lux Confecções do Sr. Zé de Bia ; em cima: Fomento de Sr. Mário, Vidraçaria Monteiro de Zé Monteiro, Loja de Miçangas do Sr. Pedro Miçangueiro; no lado E: Mercadinho do Sr. Ná, irmão de Zé Augusto, Loja de Chico Doido, Armazém de Açucar de Zé Nicolau, Camiseiro da Cidade de Manoel de Bia, Casa Dom Expedito, do Sr. Cassiano, A Futurista, de Zezinho Alfredo, Casa Ferreira Barros, Lojas Gilma, do Sr. Chico Paulo, Padaria Veneza, do Sr. José Viana e Casa Esperança de Nozinho; mas não podemos esquecer, o restaurante La Paloma, de Manoel do cachorro-quente, A K’tal lanches de Antônio Hermínio, o restaurante Carioca na praça da prefeitura, o sinuca de Augusto, o sinuca de seu Antonio Maria, das barbearias de Manoel Sabiá, pai de Regi, de Manoel Barbeiro, de João Sinhô e de seu Antonio Barbeiro, pai do vereador João Batista. As oficinas de Zedeca e dos Paulo; a borracharia de Ivo.
LAJEDO – A POLÍTICA E O FUTURO
Por
mais desafios que seja preciso vencer, o importante é constatarmos que Lajedo
está no rumo certo e que não pode e nem vai se desviar desse caminho.
“Nossos desejos e os
fatos podem ir em direções tão contrárias que todas as nossas estratégias caiam
por terra. Nossos pensamentos nos pertencem, nossas ambições nem um pouco”. (W.
Shakespeare). Nossas ambições pertencem aos outros e os outros é que
irão julgá-las.
“Não se aprende, senhor,
na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, tentando e
pelejando”(Camões). “A vida política não é nada sem ideais mas os ideais são
vazios quando não se relacionam com possibilidades reais. Precisamos saber
tanto que tipo de cidade gostaríamos de ter, quanto quais são os meios
concretos para nos aproximarmos dela (Anthony Giddens, sociólogo inglês).
“É melhor tentar e
falhar do que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que seja
em vão do que sentar-se nada fazendo até o final. Eu prefiro caminhar na chuva
a esconder-me em casa nos dias tristes” (Martin Luther King, líder do movimento
pelos direitos civis nos E.U.A). Prefiro ser feliz, embora louco, a
viver em conformidade. Não me perturbo muito com o êxito ou o fracasso pois sei
que ambos nos são impostos. Entretanto, ninguém fracassa tanto quanto acredita,
nem tem tanto êxito quanto imagina.
LAJEDO – AGRADECIMENTOS
“As
pessoas a quem mais respeito são as que conseguem servir a si mesmas
dedicando-se as outras”(Aristóteles, filósofo grego). Para elas
Aristóteles esteve certo ao dizer que a única forma de alguém assegurar sua
própria felicidade é aprender a dar felicidade aos demais.
Obrigado a direção desta
escola por ter me proporcionado a alegria de cumprir esta missão e obrigado a
todos: citados ou omitidos, lembrados ou esquecidos, presentes ou ausentes, sem
vocês não existiria este momento.
Do seu filho, Pedro Melo.