segunda-feira, 19 de maio de 2014

DISCURSO PROFERIDO EM 19 DE MAIO DE 2003.




INTRODUÇÃO

 Ser convidado para proferir este discurso nesta comemoração da emancipação política da nossa cidade antes de um privilégio constitui-se, sobretudo, numa honraria impagável visto que enaltecer Lajedo é acima de tudo uma obrigação que fazemos com muito prazer.
            Nada  é mais contundente na história de um povo do que a sua memória.  Salvar, preservar e entrega-la a população como material de consulta é uma tarefa que vai além do circunstancial. Ela expõe nossa capacidade ou incapacidade, de fazer da memória um instrumento de permanente enriquecimento cultural, modelo de conduta e, até, inspiração para o que não deve ser feito: como, por exemplo, tratar a história da comunidade como um assunto secundário.
            “A memória é o que resiste ao tempo e a seus poderes de destruição. É algo assim como a forma que a eternidade pode assumir neste trânsito incessante” (Ernesto Sábato, jornalista argentino). 

LAJEDO – O COMEÇO

            Conforme depoimento do Sr. Jacinto Coelho, um dos nossos antigos, para as notas do historiador José Paulo Barbosa, em seu livro, “Álbum Histórico de Lajedo”, toda área em que está edificada a cidade pertenceu a propriedade denominada Cágado, adquirida por compra pelos desbravadores Vicente Ferreira da Silva e seu filho José Ferreira da Silva – o Barão Cazuza, que aqui se estabeleceram vindos de Altinho, indo fixar residência nos Olhinhos D’água, onde construíram as primeiras moradias, bem como uma casa de farinha. Propensos a criação de caprinos, ali não se deram muito bem pois a região era infestada por cobras jibóias e gatos maracajás. Resolveram então descer mais dois quilômetros para a frente, instalando-se na localidade a que chamaram de “lajeiros”, em virtude das grandes áreas forradas de lajes (pedras), naturais, mais “abertas” e mais seguras às suas atividades de criadores. Estas formações rochosas tinham o formato arredondado o que facilitava o acúmulo das águas da chuva daí serem chamadas de “Caldeirões”. Com o tempo a denominação inicial de lajeiros foi se modificando até se transformar no nome que deu origem ao surgimento da cidade de Lajedo.

LAJEDO – INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE.

   Lembro-me com saudade da escola do Campo, lá onde hoje se denomina Alto dos Coqueiros,  foi ali que com os ensinamentos de minha mãe, que era professora, e com o grande incentivo de uma boa palmatória iniciei os meus estudos e fui muito bem alfabetizado, obrigado minha mãe.
            Após este período passei a condição de aluno de um dos grandes educandários da época o Grupo Escolar Deolinda Amaral ou para nós o grupo de Dona Zélia que junto com o Grupo Escolar Dom Expedito Lopes, de Dona Irene e o Grupo Escolar Pe. Emílio Lins, de Dona Socorro Ferreira, se constituíam no tripé de formação da base escolar  de toda uma geração. Que pena que a tal modernização tirou de nós o costume de chamar de Grupo de  Dona Eunice Ana o Deolinda Amaral.
            Desta época são inúmeras as figuras que povoam meus pensamentos. Ainda na calçada o infalível carrinho de confeitos de seu Pedro Guarda, pai de Geraldo “do sinuca” hoje esposo de Maria Eunice. Na portaria o incansável seu que nunca precisou de caminhadas para manter baixo seu colesterol  porque a meninada lhe mantinha deverasmente ocupado para que suas taxas tivessem tempo de subir. No galpão, ela, impecavelmente penteada, sapato baixo, para correr atrás de nós, baton nos lábios para facilitar o psiu e sua inseparável companheira – a bendita régua de madeira; D. Zélia, a diretora. Após cantarmos os hinos, no mês de Maio era o terço, o paraíso. Sim porque a nos esperar na sala de aula lá estava ela, cabelos presos por uma marrafa, blusa ensacada numa saia que ia até os joelhos, sapatinhos confortáveis para não se cansar de atender aos nossos chamados e sua voz, a voz que embalou os nossos sonhos infantis a nos contar a história de Amanda para que nunca esquecêssemos a importância da letra A. D. Norma, a musa de nossa infância e o amor platônico de uma geração. Como eu te devo minha querida e inesquecível primeira professora. Também seremos eternamente gratos àquelas que nos cativaram: D. Maria Rosa, do Sr. Mário do Fomento, D. Maria Digna, do Sr. Manezin do Camiseiro, D. Socorro Santos, do Sr Zé de Lima, D. Deta, que era do Sr. Adenor, D. Zefinha, do Sr. Valdemar, D. Maria José Laurindo, filha de Joaquim Laurindo e a todos os funcionários que mantinham nossa escola sempre limpa e funcionando independente da nossa colaboração.
            No recreio, sim se chamava recreio, numa espécie de tanque em forma de meia lua existente na frente da escola, sob o sol ou sob a chuva, já gordinha, mais com uma mão santa para os bolinhos e picolés de chocolates feitos em pequenas caçambas domésticas de gelo estava sempre a nos esperar D. Marina, mãe de Marcos, Tão e Louro, já ausentes, Zezinho, o Laurção, Loura, grande adversária nos jogos de queimado, Paixão, que mais tarde viria a se tornar diretora desta escola e Félix, brilhante advogado de nossa cidade. Não podemos esquecer de D. Tereza, mãe de Antônio Cassimiro, Gorete e Naná que diariamente nos preparava e servia, em enormes copos de alumínio, um delicioso leite achocolatado. Aos sábados missa na Matriz aonde íamos enfileirados como cordeiros prontos para pedir perdão a Deus pela nossas faltas da semana para na segunda-feira começarmos tudo de novo crentes que éramos do perdão aos sábados.
            Mês de Junho, como custava chegar este mês. Razão para isto não faltava era o mês das festas juninas e que festas, um mês inteiro de festas que culminava com um grande desfile pelas ruas antes do casamento matuto, a grandiosa quadrilha em frente a escola e o baile, que contava quase que com a presença de todos os pais, inclusive meu pai que era um pouco avesso a festas e badalações. Minhas damas, lembro-me de todas: Josélia, Nazaré e Sandra.         
Estamos em setembro, há mais ou menos um mês desde o início dos ensaios da banda não se fala em outra coisa. Quem vai ganhar o desfile o Deolinda ou o Xexéu (assim chamávamos o Dom Expedito). Instrutores eram contratados, as professoras se despedaçavam confeccionando os ornamentos, o tema do desfile era segredo de estado, até que no grande dia o esplendoroso desfile onde cada um dava o melhor de si,  para no final todos serem considerados vitoriosos.
            A localização do Deolinda era estratégica, na frente a casa da Diretora, ao lado direito a Celpe com toda movimentação que nós precisávamos, no lado esquerdo a Maternidade, onde as parteiras, D. Iracema, Alice e Natalicia, D. Raquel, mãe de Uziel França, D. Maria de Duca, Madrinha Luizinha, quem não é afilhado dela, Irene Nacor, irmã de Alaíde, e, D. Duda, mãe de Fátima esposa de Barbudo, sob o comando de Dr. Dourado auxiliaram a vir ao mundo várias gerações de lajedenses e, nos fundos, além do glorioso Pé de Tambor, que era o limite territorial da escola existia uma cerca que era  uma porta aberta para nossas aventuras  no terreno da fazenda São Josë, de seu Abraão, passaporte gratuito para todas as grandes vaquejadas  que ele promovia e aonde assistíamos a grandes pelejas entre a grande dupla de vaqueiros Cordeirinho e Ernando, nem sempre vitoriosas graças a sagacidade de um famoso boi conhecido, que por possuir um sinal na testa que lembrava uma estrela, foi denominado de estrelinha. Minha turma Josélia, Mirian, Nazaré, Maria José, Rosângela, Marilene, Manuilson, Ailton Cosme, Joseane Fausto, Wellington e quantos mais ... Quando as férias chegavam, que aperto no coração.
            Grupo Escolar Deolinda Amaral, eu te saúdo e te reverencio e faço votos para que os teus alunos do presente se referenciem no teu passado para no futuro se orgulharem de ti como de ti se orgulha este teu ex-aluno.
            Terminado o primário a grande dúvida. Onde estudar o ginásio? No Industrial do Sr. Armando ou no D. Expedito de Dr. José Alberto? Mais, tarde escolhido por mim para padrinho. Eis uma escolha difícil já que ambos faziam da árdua tarefa de educar uma razão de vida.
            Entretanto, antes do ginásio “tinha uma pedra no caminho”(Carlos Drumond), o seu nome, admissão, suas professoras Emília Vilaça, filha de Hermínia Vilaça, que nesta época já era braba e Valderice de Tungueira, esposa de Paulo Soares, um doce em pessoa, metade do ano com uma e metade com a outra. Era o preparo para nos habituarmos com  a idéia de vários professores que iríamos ter no ginásio.
            Recordo-me com orgulho, saudade e gratidão de D. Gilvanise, esposa de Valdir; Lourdinha Barros, filha de João de Barros; Yolanda, irmã de Yara, secretária da escola, e esposa do professor Walter Chaves, seu Luis do Industrial, esposo de D. Dodô do cartório; Cabo Tota, Inês Aleixo, esposa de João Preguinho, Emíla Vilaça, esta filha de Chico Vilaça, Fátima Ferreira, irmã da também professora Socorro Ferreira e do professor Paulo, Zilda Dornelas, irmã da srta. Dorinha Dornelas, que deve ter um lugar no céu só pela tarefa de tentar nos ensinar religião, professor Nicodemus, que nos ensinava o francês; Trindade, que chegou a ser diretora; Lourenço, seu irmão, que era uma fera; Aparecida, irmã dos dois e que era a bela; Irene que era amiga dos três e também Margarida Vilaça; a todos estes lajedenses natos e de coração nossas homenagens.
            Durante os cinco anos em que vivemos e convivemos no Industrial além do aprendizado tenho absoluta convicção que certamente ali eu como toda uma geração vivemos os dias mais felizes de nossas vidas.
             Aqui também se esperava com ansiedade os festejos juninos porque nós já adolescentes não víamos a hora do início dos ensaios para a quadrilha de São João pois era oportunidade ímpar para tocarmos nas meninas durante quase um mês, já que naquela época ainda não tínhamos aprendido a conjugar o verbo “ficar” tão em moda hoje em dia. Minhas damas do ginásio: Fátima Rosa e Giselda Vilaça. 
            O Sete de Setembro era inesquecível, a disputa aqui era travada entre o Industrial e o Dom Expedito as bandas eram um capítulo a parte. As disputas também se davam no campo esportivo palco de revelação de inúmeros atletas que brilharam nos campos e nas quadras por um longo tempo.
            Também aqui na entrada existia um carrinho de doce; seu proprietário, o Sr. Branco que diariamente precisava da ajuda de sua esposa tamanha era a pressa com a qual queríamos ser atendidos.
            Na entrada, seu Sebastião Sobral, pai de Hélio meu colega de turma, vereador por diversas vezes em nossa cidade, que tinha a espinhosa missão de nos vigiar e carimbar diariamente nossas  cadernetas de freqüência. Quanto lhe devo seu Sebastião por voluntariamente ter “esquecido” tantas vezes o carimbo de advertência que seu Armando tanto gostava de ver na minha caderneta. Minha turma: Adelmo, Juvenil, Socorro Bonfim, Giselda, Cleide de Costinha, Lameck, Zezinho, Adilson de Nita, Dos Anjos e Cidinha de Neco Barro, Socorro Clementino, Marta, Marleide esposa de Gil do Correio, Juranildo, Moacir Bochechinha, Eury de Sgto Eury, Evanderly, Ronaldo, Nailson.    
Chegou a juventude e com ela a necessidade de buscar novos horizontes na incessante luta por mais conhecimentos isto nos levou a morar fora de Lajedo mais não de conviver com Lajedo pois até mesmo lá a nossa turma era a turma de Lajedo, nosso assunto predileto falar de Lajedo e nosso programa favorito era viajar par Lajedo pouco importando como e quando.

 

LAJEDO – LUGAR DE TUDO E DE TODOS

                  Que lugar no mundo poderá existir para em tão pouco tempo, afinal são apenas 56 anos de emancipação e 154 de fundação, ter na sua história um patrimônio tão rico uma história tão única e um povo tão genial quanto o nosso.
LAJEDO da minha infância – como esquecer as noites da 19 de Maio onde todas as noites a brincadeira rolava solta com Peba e Zé Maria, de seu Júlio do Vinagre; Zé Mário e Zerilson, nosso popular Chiclete de seu Lelé ; Zé Cordeiro e Luciano, Tonho Cabeção e Doutor dos Oião, Tonho de dona Otília, hoje presidente da Câmara, Edson e Nanico de Zé Bento,  Juranildo e Gilson de seu João Saturno, Geraldo de seu Antônio Barbeiro, Dida de seu Antônio de Abraão, Adelmo de seu Adenor e tantos outros ...

LAJEDO dos esportes – quem não se emocionou não viu jogar, Ladilson e Ladelson, Capiba, Pulguinha e Décio, o melhor ataque de futebol de salão que já vi jogar, Paulo e Mário Cosme, Ronaldo de seu Peu e Nailson  de Zequinha Barbeiro. Zezinho, Zé Ita, Alemão, Luis Teteu e Tonhão do bandepe, Burú e Waldo de Ageu, Biu Chulé, Walter Fiapo, Zé Viana e Adriano este foi o time dos sonhos do CEL. Outra fase de ouro nasceu com o surgimento de dois grandes times o Veneza e o Caxias, patrocinados respectivamente pelas padarias Veneza do Sr. José Viana e Caxias do Sr. José Fausto. Donde surgiu a idéia de uma escolinha que tantos talentos revelou como Walberes, e os irmãos Carlinhos e Arlindinho filhos do Sr. Arlindo Ferreira, Nego Ciço, Dudu, João Bosco e Jeová e tantos outros. Fosse hoje e só os veríamos jogar pela televisão na Europa dos endinheirados.

LAJEDO social – grandes festas sempre foram marca registrada da nossa terra. O carnaval com os últimos três “Zé Pereiras” que recordo, Gilson Peixoto, Mário e Edésio Nonato. A abertura do baile, após a chegada do prefeito Zé Rosa, feita por Tonho de Pedão, vestido a caráter e a partir daí o salão era invadido por uma multidão que precisava dar passagem para Marcelo do correio, sempre com uma toalha de rosto no pescoço, e sua Alzira se esbaldarem de tanto frevar, durante o dia o corso e o mela-mela que terminava invariavelmente na casa de Dr. Dourado onde D. Maria da Penha, sua esposa estava a nos esperar com uma farta feijoada. O “Baile das Rosas”, “A Noite do Charme” festa que revelou na passarela o talento de Cleide Cordeiro, Adilma do Sr. Ismael Rocha, Márcia de Maria Rosa, dos irmãos Marcos, Moacir e Mário Vital, Cristina de Zé Nicolau e Zé Antônio que na época já tinha jeito pra coisa. Os bailes de São João com grandes atrações. Os assustados da casa paroquial, introduzidos aqui por Pe. Davi, um paraense que tornou-se lajedense, cujo comando ficava com os rapazes Jaildo Cabeção e Josa de Chico Sebo, Doca e Flamarion, Hamilton e Zé Siqueira filhos do Sr. Antônio Jurema e Antônio José Dourado, que nunca permitiram aos mais jovens o direito de entrar nas festas, e as moças, Judite e Nenên Izídio, Marleide Vital, Maria de  Bernadino, Lourdinha Santos, Mariinha Fulorô, Giselda e Fátima de Duda, Claudeci de Luis Sátiro, Sônia de Dedé do Charque entre outras. O “Show de Calouros” no Comercial comandado pelo Sr. Azarias. E finalmente o natal com o parque de diversão do Sr. Sebastião pai de Gena, locutor de vaquejada, o jogo de jaburu de Tonho Cotó as barracas de jenjibirra, as fotos pra posteridade em seu Deda do Foto onde o amigo Nelson Amorim na época era aprendiz e, o ponto culminante o show na rua com a caravana de Ivan Bulhões. Quando não havia festas sempre tinha o cinema de Sr. Manoel Vilaça com seus repetitivos e quebradiços filmes de Kung-fu, Tarzan, Django e Sartana, que pouco ou nada interessava aos enamorados que os assistiam no primeiro andar. Anualmente filas enormes e sessão dupla para ver pela enésima vez, “A Paixão de Cristo”, “Coração de Luto” e o maior sucesso de bilheteria que me recordo “Ela Tornou-se Freira”, com Teixeirinha e Mary Terezinha.

LAJEDO dos grandes desfiles – disputas intensas marcavam o desfile do sete de setembro, para nós pouco importava a independência o importante mesmo era a rivalidade entre as bandas  do Deolinda e do Xexéu e entre a banda do Industrial, com Tonho Gordo, Mocó, Assis, Zé Siqueira, Walter Fiapo e Arnaldo Gatinha, irmão de Arnóbio, contra a banda do Dom Expedito com Marleide Vital, Judite Izídio, Fernando Vilaça, Moacir e Mário Vital, Zé Viana, Tonho Cassimiro, Burú, Fátima de Duda e Luis Belo.

LAJEDO dos artistas – no teatro, na pintura, na música poucos são os lugares que possuem um elenco tão diversificado e tão genial  quanto o nosso, Antônio Oliveira, Antônio Alfaiate, Doca, Almir Melo e Souzinha atores de padrão global; Zizi Ribeiro, Everaldo, Edson Oliveira e Antônio Mário de Tungueira, pintores de sucesso; Nego Sanfoneiro, Vadinha, Zé da Água e Manoel Izídio, sanfoneiros para todos os gostos; Geraldo Vilaça, Luciano Bola Mucha, Fernando Fraqueza, Luciano Bodinho, Toinho Chagas, Armandão, Miltão e Nelson da gráfica, violonistas de primeira grandeza; Luis Vilaça, Berto Onofre, Tuchinha e Tocha, músicos com padrão profissional, além de vocalistas que fazem o sucesso das mais diversas bandas país afora, sem contar os seresteiros Luis Ferreira o secretário de obras, Antônio João o ex prefeito e Abelardo o vereador, dignos de cantar nas melhores casas de shows deste país.

LAJEDO dos bares, das bodegas... – será que alguém já se deu ao trabalho de contar os bares de Lajedo? Eis aí uma missão difícil. Mas até os bares em Lajedo tem história senão vejamos: Os bares de Coraci Quirino na José Pereira de Carvalho, de Nicinha, irmã de Socorro Santos, na Duque de Caxias, O Gabiru na praça Simpliciano Cardoso, o de Nenen do Bar, o de Jaime.  Antes dos mercados existiram as bodegas: de Renato e José Joaquim no socorro, de Zé Ita e Pedro Xisto na praça da prefeitura, de seu Bébé Alexandre na Barão Cazuza, de seu Dedé do Charque, de Liro, de Abílio Ribeiro, de Severino Martins na 19 de maio, de seu Leonildes e Nelson Ferreira, irmão de Geninho da Celpe, na Duque de Caxias; os armazéns de Jerônimo e de Zé Cabeleira, pai do advogado Edmilson Francisco, de Lídio e Arlindo Cosme, de Zezinho do Olho D’água, pai de Herinaldo as churrascarias de seu Waldomiro no Planalto e de seu João Jordão no Posto Texaco; as padarias de Zezé Fausto, Severino Lacerda, José Viana e João Amorim pai de Jeremias esposo da vereadora Lêda. O bar “Cintura Fina” onde Tonho Gordo, Zé Maria de D. Henriqueta, avó de Stênio e Zé Viana comandavam animadas mesas do jogo das palavras e nos ensinavam o que não se ensinava nas escolas.
LAJEDO da feira – ser moleque e ter a disposição uma feira era um sonho possível. As grandes barracas de Dedé do Charque e de seu Olon, seu irmão, de Luiz do Charque, pai de Lourdinha as pequenas mais generosas de Zequinha Salgueiro, Francisco Ferreira e Joaquim Couto; o banco de doce de Velho Doceiro, o banco de ouro de Zé do Ouro; os artigos de couro e corda de seu Manoel das Cordas, pai de Ornélio; o carrinho de doces de Nelson, o único com som ambiente, que depois seria de Zequinha da barraca de cachorro quente. As barracas de tecido de Cícero Venâncio e D. Nicinha, mãe de Guilhermando. A gelada de Zequinha da Geladeira concorrente da de Olimpio da Gelada; a tapioca de Zefa da Tapioca; além do milho assado, cozido ou as  pamonha na esquina do Bráz de Bacatela, nem, Caruaru tinha igual ...

LAJEDO das turmas e das badalações – quando aqui chegaram trouxeram com eles a moda das discotecas, Mauro e Edmilson Nogueira, o primeiro cabeludo de Lajedo, o segundo foi Felipe de Figueredo que além de cabeludo importou para Lajedo um inesquecível macacão quadriculado que foi motivo de festa para os gozadores de plantão. Adilson de Nita e Passarinho, Vitulino, Expedito, Eraldo, Edson e Eudson de Zé Bento, Adenorzinho e Adelmo, Faia, Coia e Rita de Zezé do Cartório, Josélia, Ana Paula e Arlindinho, Ângela, Ruth e Rita, Luciano, Chico, Roberto e Luciana de Davino, Socorro de Felipe, Walberes e Calo Seco,  Paulinho e Pedrinho, Antonio Filho e Múcio, Dílson, Gorete e Jucier, Geraldo e Edna Vilaça, eis aí a “Turma da Fumaça” que tanto barulho causou, e ainda existiam as turmas do Xodó, da Bagaceira e do Jamé

LAJEDO de todas as recordações – dos banhos de açude em seu Tênis, no Jenipapo, na sub-estação da Chesf e no açude do Ibra para onde íamos na Kombi de Mário Gildo ou no esplanada de Ailton Cosme, o popular Deré e sempre levávamos Biu juiz pois era o único que sabia nadar; do bicho do salobro; do alto falante de Osvaldo, das granjas de seu Mano Leite onde Veva arrumava os ovos para o lanche da tarde; dos namoros proibidos; dos fuxicos; dos velórios festivos; dos acidentes trágicos; da cheia que arrastou a barraca de seu Benone; dos circos Barcelona e Zé Bezerra; das moças que fugiram; das que se perderam e das que se acharam; eis Lajedo um pouco da tua história.

LAJEDO vocação para o comérciolembro-me do comércio assim: em baixo: Cinema, Bar de Coraci, Sorveteria de Albino, Farmácia de Juraci Cassiano, Sinuca de Bezinho e Pensão de D. Luiza; no lado D: Miudeza de Luiz Sátiro, Casa Pérola de Chico Batista, Movelaria Santo Antônio de Manoel Hermínio, Farmácia do Sr. Ismael Rocha, Padaria Santo Antônio do Sr. Severino Lacerda, Loja do Sr. José Bento, Casa de peças de João Maria, o Palácio das Jóias de Cici, Grã Lux Confecções do Sr. Zé de Bia ; em cima: Fomento de Sr. Mário, Vidraçaria Monteiro de Zé Monteiro, Loja de Miçangas do Sr. Pedro Miçangueiro; no lado E: Mercadinho do Sr. Ná, irmão de Zé Augusto, Loja de Chico Doido, Armazém de Açucar de Zé Nicolau, Camiseiro da Cidade de Manoel de Bia, Casa Dom Expedito, do Sr. Cassiano, A Futurista, de Zezinho Alfredo, Casa Ferreira Barros, Lojas Gilma, do Sr. Chico Paulo, Padaria Veneza, do Sr. José Viana e Casa Esperança de Nozinho; mas não podemos esquecer, o restaurante La Paloma, de Manoel do cachorro-quente, A K’tal lanches de Antônio Hermínio, o restaurante Carioca na praça da prefeitura, o sinuca de Augusto, o sinuca de seu Antonio Maria, das barbearias de Manoel Sabiá, pai de Regi, de Manoel Barbeiro, de João Sinhô e de  seu Antonio Barbeiro, pai do vereador João Batista. As oficinas de Zedeca e dos Paulo; a borracharia de Ivo.

LAJEDO – A POLÍTICA E O FUTURO              


                  Por mais desafios que seja preciso vencer, o importante é constatarmos que Lajedo está no rumo certo e que não pode e nem vai se desviar desse caminho.
                  “Nossos desejos e os fatos podem ir em direções tão contrárias que todas as nossas estratégias caiam por terra. Nossos pensamentos nos pertencem, nossas ambições nem um pouco”. (W. Shakespeare). Nossas ambições pertencem aos outros e os outros é que irão julgá-las.
                  “Não se aprende, senhor, na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, tentando e pelejando”(Camões). “A vida política não é nada sem ideais mas os ideais são vazios quando não se relacionam com possibilidades reais. Precisamos saber tanto que tipo de cidade gostaríamos de ter, quanto quais são os meios concretos para nos aproximarmos dela (Anthony Giddens, sociólogo inglês).
                        “É melhor tentar e falhar do que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que seja em vão do que sentar-se nada fazendo até o final. Eu prefiro caminhar na chuva a esconder-me em casa nos dias tristes” (Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis nos E.U.A). Prefiro ser feliz, embora louco, a viver em conformidade. Não me perturbo muito com o êxito ou o fracasso pois sei que ambos nos são impostos. Entretanto, ninguém fracassa tanto quanto acredita, nem tem tanto êxito quanto imagina.
                 
           LAJEDO – AGRADECIMENTOS
                 

                  “As pessoas a quem mais respeito são as que conseguem servir a si mesmas dedicando-se as outras”(Aristóteles, filósofo grego). Para elas Aristóteles esteve certo ao dizer que a única forma de alguém assegurar sua própria felicidade é aprender a dar felicidade aos demais.
                  Obrigado a direção desta escola por ter me proporcionado a alegria de cumprir esta missão e obrigado a todos: citados ou omitidos, lembrados ou esquecidos, presentes ou ausentes, sem vocês não existiria este momento. 

Do seu filho, Pedro Melo.

PARABÉNS MINHA AMADA



Não, hoje eu não vou te criticar... Hoje não é dia para lamentações. Hoje é o teu aniversário e eu quero mais é comemorar. Comemorar a vida lembrar-me daqueles que a morte os transportou e acima de tudo celebrar a tudo e a todos que fazem de ti o nosso lugar.

Lajedo de Vicente Ferreira e de José Nonato, de Simpliciano Cardoso e Barão Cazuza, de doutor Dourado e Clementino, de Lídio Cosme e Adelmo Duarte e principalmente Lajedo de todos nós. 

Como não lembrar Abiatar Guaraná e Tungueira, como esquecer Lula Vilaça e Mário Vital, não dá para esquecer Colorau e suas sonoras eructações (arrotos), como não se lembrar de Peba (Josias Matos da Silva) e nossa sempre estilosaGenerina.

Assistir a Santa Missa e não se lembrar de Hozana, dona Lola e seu Lôlô se constituem numa blasfêmia que nem mesmo Padre Davi perdoaria. Ah! Lajedo como estão belas tuas igrejas. Esse tal de padre Cícero não é o do Juazeiro, mas tem feito seus milagres por aqui. Estou só esperando para ver o que ele vai fazer com a minha preferida,a de São Sebastião, na Madalena.

Toda festa que se preze tem uma boa banda e eu fico só imaginando o que Agamenon Saraiva faria com os seus “Bárbaros da Bossa” com essa tecnologia que tem hoje, seria um arraso. Mariinha Fulorô, Judite Izídio e Marleide Vital iriam dançar até ser preciso trocar a sola do sapato.

Vocês já repararam como tem carro bonito em Lajedo? Imaginem João Jordão, Zé Cabeleira e Gerônimo nos dias de hoje. Quem seria o mais vaidoso dos três? Cada um que “lambesse” mais os seus carros.
Queria mesmo ver Tenente Geraldo e Sargento Eury comandando a delegacia para ver o que danado eles fariam para que o sossego nosso de cada dia não fosse incomodado. Sem esquecer é claro de Dr. Tenório na promotoria e Dr. José Agripino presidindo nossa comarca, ou juiz arrochado (quem lembra muito ele é Dr. Cristiano que esteve aqui conosco recentemente).

Também vem a lembrança nesta festa de seu aniversário figuras marcantes da sua história e personagens do seu dia a dia. O tenente Clidenor e seu belo terno branco, nosso sempre alegre e irreverente Francisco Medeiros, o popular Chico Sêbo, meu primo Zé de Ginú, Antônio de Albertina, o famoso Tonho de Bé, nosso amigo Biu( o juiz de futebol mais conhecido de Lajedo), o ator e diretor de teatro Souzinha e tantos outros...

Parabéns minha querida Lajedo que venha mais 65 anos e que tu consigas ser maior do que a soma de todos nós juntos e que nós não esqueçamos jamais que a tua grandeza é a resultante da soma da pequena contribuição que cada um de nós a ti oferta como prova do nosso amor. 

Que Deus nos dê a graça, a sabedoria e a honra de nunca deixar de te reverenciar, terra querida e que cada um de nós tenha orgulho de poder fazer por ti o que for preciso sem jamais fugir à luta.

Do seu amado filho, Pedro Melo.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

SOB O DOMÍNIO DO MEDO



Frustração. Esta certamente foi á sensação que a maioria, como eu, dos que participaram da reunião no Centro de Treinamento “sobre” a violência, sentiram. Primeiro um equívoco: fomos comunicados de que ali estávamos sem sermos oficialmente convidados. A reunião, em tese, seria apenas para as autoridades.
Em que pese á forma polida como o delegado da nossa cidade, comunicou-nos que não teríamos direito de falar foi constrangedor e pior, após ouvirmos todos os presentes à mesa afirmar que não sabiam o que fazer sermos obrigado a permanecer em silêncio.

Após um balanço do que cada um dos órgãos ali representados teria feito até agora, ficou claro que estamos à deriva. A polícia, civil e militar, impotentes, carentes de recursos humanos e materiais, a promotoria e a justiça reféns das leis que existem e dependentes das não existentes. O executivo acreditando que fez o que poderia ter feito e que agora depende de legislação específica para governar.
Diante do exposto algumas constatações tornam-se óbvias. A polícia civil, carente de tudo, consegue ser eficaz e eficiente, mas, não suporta a demanda existente e frustra-se com a leniência das leis que põe em liberdade àqueles que presos deveriam permanecer. A militar, consegue fazer com um efetivo reduzido o que deveria ser feito com pelo menos o dobro de profissionais treinados, equipados e bem pagos. Fazem milagres...

A promotoria cumpre o papel de guardiã da constituição e, incompreendida ver contra ela a revolta daqueles que acreditam que a solução está na Lei de talião “olho por olho, dente por dente”. O Pacto da Segurança, ainda é um sonho distante. O alento veio na fala do magistrado que foi o único a citar a única e verdadeira causa de todos os problemas que estamos enfrentando, a falta da educação. E, foi enfático: “enquanto não resolvermos o problema da educação estaremos enxugando gelo. Simples e sábio assim.
A fala do executivo foi muito mais uma prestação de contas do que fez do que daquilo que gostaríamos de ver sendo feito. Não podemos esperar resultado diferente se fizermos tudo da mesma maneira (Einstein). Portanto, pouco ou nada foi á esperança a nós ofertada.

A chama de esperança que foi acesa ao tomarmos conhecimento e nos dispormos a participar só não foi de todo apagada porque, ao final, ficou a esperança de uma nova reunião com todas as autoridades presentes e, desta vez, com direito a voz dos convidados em uma nova data a ser marcada pelo Bel. Altemar Mamede Leite. Aguardemos pois...

Por fim, a lamentar que tenha se perdido a oportunidade de, em um mesmo lugar reunir todos os atores de tamanho problema e não ter sido catalisada alguma medida que nos traga de volta a esperança de dias melhores para que nós, a exemplo do nosso fundador, que teve de fugir das cobras e aqui iniciar a construção da nossa cidade não tenhamos de abandonar a nossa terra por conta da violência.

Atenciosamente, Pedro Melo, um filho de Lajedo.

#vamosunirlajedo